sábado, 6 de julho de 2013

Autoavaliação e considerações finais!!!

Inicio este novo post com o texto abaixo de Marina Fernandes e logo em seguida gostaria de deixar algumas palavras sobre os momentos vividos na disciplina Tendências Contemporâneas de Currículo (TCC).


TEXTO:     “A borracha”
 

Clarinha, filha de minha amiga Alessandra, no auge dos seus quatro anos, já sabe, como os demais de sua geração, o significado de “deletar”, a função do “backspace”, e, se duvidar, já se arrisca a usar o ctrl+z. Mas o que tem encantado Clarinha nesses últimos tempos é mesmo a borracha: a descoberta desse avanço tecnológico que permite apagar o que suas mãozinhas produzem com o grafite do seu lápis. Claro que ela não classifica os efeitos da borracha como “avanço tecnológico”. Para ela é mágica. Ou “apenas” mágica, como diriam os menos esclarecidos. Clarinha encontrou na borracha as delícias do fazer e desfazer. Ou melhor: fazer, desfazer e refazer. Então, não foi de assustar quando, ouvindo com a mãe os últimos acontecimentos do Brasil, seus olhinhos brilhassem ao perguntar: “Mas mamãe!!! Existe uma bala toda feita de borracha??? Difícil é tentar refazer a imagem que se formou naquela cabecinha cheia de cachinhos castanhos, mas uma coisa é certa: para ela, alguém havia conseguido unir em um único elemento seus dois maiores objetos de desejo! Que gênio teria feito isso? Certamente na condição de inferioridade que o mundo adulto nos impõe, melhor nem tentar descobrir a gama de possibilidades que Clarinha atribuiu àquele objeto tão especial, tão perfeito ao ponto de saciar o paladar e a criatividade ao mesmo tempo! Podemos apenas concluir que no mundo de Clarinha não existem conflitos armados ou manifestações populares. Gasolina é apenas algo com cheiro ruim que faz o carro da mamãe andar. E bola de futebol é aquilo que se compra na lojinha da esquina com um dinheirinho azul que tem o desenho de uma tartaruga. É, Clarinha, quem dera todos nós fizéssemos a oração de Adélia Prado: “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande.” Então, minha querida, teríamos hoje um lindo objeto que, além de apagar o que está errado, ainda permitiria fazer tudo novamente. E mais: esse processo viria acompanhado de um doce gostinho de morango... ou outra fruta qualquer...

 
Reflexões:

A disciplina TCC do MPEC ministrado pela professora Rita Stano por um breve semestre foi marcado por lições de fazer, desfazer e refazer, assim como a borracha para a “Clarinha” do texto acima... e como aprendemos estas lições? Bom, foi sextando que encontramos grandes colocações para a nossa prática em educação, as aulas nos ensinaram o poder que o currículo e que nossa boa vontade pode fazer quando queremos mudar nosso cenário de ensino-aprendizagem. Eu particularmente, após este período vivenciando esta e outras disciplinas no Mestrado em Ciências, descobri que a ciência que carrego comigo ao longo da minha formação enquanto Enfermeira ainda é algo a ser mais explorado e praticado. Mudar concepções e regras em busca da qualidade do ensino de minhas aulas, de minhas avaliações, de meu comportamento, de meu entendimento frente às dificuldades dos alunos quando estes se deparam com um assunto não dominado, não compreendido. Aprendi que quando este momento chega é a hora de “parar” e refazer um novo método para que estes consigam absorver as informações a eles transmitidas, talvez esta seja a hora de ganhar aquele “impulso” e colocar em prática por exemplo, um currículo oculto. Aprendi os diversos significados embutidos dentro da palavra currículo e como ele é amplo, transformador e essencial para nossa vivência em aula. Aprendi que planejamento é algo fundamental, mas que eles podem nos pregar peças e fugir do controle, e é neste momento que entra em cena a criatividade de ser professor, ou seja, de estar preparado para enfrentar uma nova situação e não perder o embalo, só porque não foi possível manter o “rigor” dos planos de ensino e cronograma de aulas. Aprendi que temos que ser pipocas branquinhas e saborosas para aguçar o paladar do aluno com nosso entusiasmo e disposição em ensinar algo novo. Aprendi que o Sistema Educacional pode ser falho, mas que é algo a ser transformado e melhorado e que compete muitas vezes ao professor esse “toque” de melhoria. Aprendi que sentar com um colega na sala de professores pode ser algo inovador, pois é neste momento que tecemos um novo projeto de ensino em prol da formação do aluno. Aprendi a respeitar a sabedoria e as experiências dos educadores mais velhos, sendo estes formadores tradicionais ou contemporâneos, pois sempre podemos tirar lições e inspirações de como fazer ou não fazer... Aprendi significado de tantas palavras não existentes ainda no meu dicionário, palavras e frases que mais pareciam poesias, e foram muitas as utilizadas pela "poetisa" Rita Stano rsrs... Aprendi o valor das amizades que estão ao nosso lado, das pessoas que chegam nas nossas vidas para deixar a manhã mais agradável, mais engraçada, mais dinâmica e mais saborosa, pois aprendi que partilhar o café da manhã é manter relações pessoais, e como gosto de relações pessoais!!! Temos tanto a aprender com tantas pessoas, o ser humano é algo que me fascina, às vezes nos decepcionam, mas sempre fascinam... Aprendi tanta coisa nestes meses... mas, aprendi principalmente que sou capaz de alcançar voos mais altos, de criar, de recriar e buscar sempre o melhor para aquilo que desejei ser... “professora”.

Obrigada Rita Stano e amigos do MPEC por fazerem parte deste momento de tanto “aprendizado”... Um beijo no coração de todos vocês!!!  

Sentirei saudades....
 

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Formação do professor como uma contra-esfera pública: A pedagogia radical como uma forma de política cultural. (cap. 5)

Tipo: LIVRO  

Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

Referência Bibliográfica: Formação do professor como uma contra-esfera pública: A pedagogia radical como uma forma de política cultural. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008. 

Resumo / conteúdo de interesse:

O capítulo 5 do livro de Moreira e Silva foi escrito por Henry A. Giroux e Peter McLaren e trás no seu conteúdo o argumento de que as escolas de formação de professores necessitam ser reconcebidas como contra-esferas públicas. E que por essa razão, é necessário desenvolver programas que eduquem os futuros professores como intelectuais críticos capazes de ratificar e praticar o discurso da liberdade e da democracia. A educação do professor raramente tem ocupado espaço público ou político de importância dentro da cultura contemporânea, onde o sentido do social pudesse ser resgatado e reiterado a fim de dar a professores e alunos a oportunidade de contribuir, com suas histórias culturais e pessoais e sua vontade coletiva, para o desenvolvimento de uma contra-esfera pública democrática. Muitos dos problemas atualmente associados à formação de professores indicam a falta de ênfase, no currículo dessa formação, na análise da questão do poder e de sua distribuição hierárquica, bem como no estudo da teoria social crítica.  Esta teoria social ajuda a desinvestir o pensamento convencional sobre a escolarização de sua condição de discurso objetivo e cientificamente fundamentado. Boa parte desse trabalho questiona a visão ideológica do aluno como autor e criador de seu próprio destino, descrevendo como a sua subjetividade está inscrita e posicionada em diferentes textos pedagógicos. Um currículo para formação de professores, para ser uma forma de política cultural, deve enfatizar a importância de tornar o social, o cultural, o político e o econômico os principais aspectos de análise e avaliação da escolarização contemporânea. Os autores mencionam que as escolas incorporam representações e práticas que tanto estimulam quanto inibem o exercício da ação humana no meio dos estudantes. Isso fica claro ao se reconhecer que um dos fatores mais importantes na construção da experiência e da subjetividade nas escolas é a linguagem, e esta não apenas posiciona professores e alunos, mas também funciona como veículo por meio do qual eles definem, mediatizam e compreendem suas relações uns com os outros e com a sociedade mais ampla.

 
Citações:

 1-    “O projeto de “fazer” um currículo como forma de política cultural para integrar um programa de formação de professores consiste em unir a teoria social radical a um conjunto de práticas estipuladas que permitam aos futuros professores desvendar e interrogar os discursos educacionais preferenciais, muitos dos quais foram inteiramente dominados por uma racionalidade instrumental hegemônica que limita ou ignora os imperativos de uma democracia crítica” (pag. 140)

 2- “Para que uma pedagogia crítica seja desenvolvida como forma de política cultural dentro da faculdade ou escolas de educação, é imperioso que se criem métodos de análise que não partam do pressuposto de que as experiências vividas podem ser automaticamente inferidas a partir de determinações estruturais.” (pag. 145)

 3- “O discurso da vida cotidiana também aponta para a necessidade de os educadores radicais verem as escolas como esferas culturais e políticas ativamente engajadas na produção da voz e na luta pela voz.” (pag. 75)

 Considerações do pesquisador (aluna):

Finalizando as reflexões sobre o livro e seus capítulos, faço aqui minhas considerações sobre este capítulo e sobre os demais. Fica claro que não são apenas os alunos que tem que ser formados com qualidade, mas também o professor, por ser o mediador do conhecimento. Para isso faz-se necessário acrescentar cultura crítica e social nas escolas para esta atingir tanto o discente como o docente e modificar de forma significativo e processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, é impossível deixar de lado o currículo e toda a sua influência na metodologia do ensino e no comportamento dos profissionais educacionais. Mas que fique explícito aqui que não se faz currículo sem a cultura e a sociedade. Então, que tenhamos ânimo para colocar em prática um currículo organizado, coerente e sistematizado e que atinja a todos trazendo excelência na educação.

Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Cultura Popular e Pedagogia Crítica: A vida cotidiana como base para o conhecimento curricular (cap. 4)

Tipo: LIVRO

 Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

 Referência Bibliográfica: Cultura Popular e Pedagogia Crítica: A vida cotidiana como base para o conhecimento curricular. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008.

 
Resumo / conteúdo de interesse:

 O capítulo 4 do livro de Moreira e Silva foi escrito por Henry A. Giroux e Roger Simon e o tema tratado é sobre a reforma educacional, sustentada pela influência de um secretário da educação americano William Bennett, onde este ampliou a definição de escolarização que os conservadores tinham ao reafirmar sua supremacia como guardiã da civilização ocidental, e esta tradição é transmitida através de uma pedagogia livre das incômodas preocupações com a equidade, justiça social ou a necessidade de formar cidadãos críticos. Falar da escola é falar de dois lados bastante importantes, um que defende a escola como forma social de ampliar as capacidades humanas e a outra que fala que a pedagogia deve ser crítica e levar em consideração a forma de repensar que as pessoas têm de suas experiências e vozes. Os autores relatam que é desnecessário dizer que a cultura popular, embora seja em geral ignorada nas escolas, não é uma força insignificante na formação da visão que o aluno tem de si mesmo e de suas relações com diversas formas de pedagogia e de aprendizagem. Os professores precisam encontrar meios de criar espaço para um mútuo engajamento das diferenças vividas, que não exija o silenciar de uma multiplicidade de vozes por um único discurso dominante; ao mesmo tempo, devem desenvolver formas de pedagogia ancoradas em uma ética que denuncie o racismo, o sexismo e a exploração de classes como ideologias e práticas sociais que convulsionam e desvalorizam a vida pública. Os autores ainda deixam claro no texto, que a pedagogia crítica jamais estará concluída; suas condições de existência e possibilidade estão em constante alteração, tendo em vista sua tentativa de se dedicar àquilo que “ainda não” se concretizou, que ainda é possível e pelo qual vale a pena lutar.

 Citações:

 
1-“Queremos intervir nesse debate afirmando que a escola é um território de luta e que a pedagogia é uma forma de política cultural”. (pag. 95) 

2-“A cultura popular é organizada em torno do prazer e da diversão, enquanto a pedagogia é definida principalmente em termos instrumentais. A cultura popular situa-se no terreno do cotidiano, ao passo que a pedagogia geralmente legitima e transmite a linguagem, os códigos e os valores da cultura dominante”. (pag. 96)

3-“Como escreveu Tony Bennett: “Uma prática cultural não carrega consigo a política que a gerou, como se esta houvesse sido gravada a fogo para toda a eternidade; ao contrário, o seu funcionamento político depende da rede de relações sociais e ideológicas em que está inserida como consequência das formas pelas quais ela se articula com outras práticas, em determinada conjuntura”. (Bennett, 1986: XVI)” (pag. 109)

 
Considerações do pesquisador (aluna):
A pedagogia diz respeito, a um só tempo, às práticas em que alunos e professores podem juntos engajar-se à política cultural que está por trás delas. É nesse sentido que propor uma pedagogia é formular uma visão política. Precisamos de uma pedagogia cujos padrões e objetivos a serem alcançados sejam determinados com metas e ampliação da capacidade humana e das possibilidades sociais. E acredito nisso... Basta termos em nosso meio educacional, profissionais dispostos a fazer a diferença!

Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.

 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional? (cap. 3)


Tipo: LIVRO  

Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

Referência Bibliográfica: A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008.


Resumo / conteúdo de interesse:

O capítulo 3 do livro de Moreira e Silva também foi escrito por Michael W. Apple e fala sobre a ligação da educação com política da cultura, onde o currículo é visto como um produto das tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo. As condições econômicas e sociais que estão ligadas às diferentes classes sociais também estão presentes nas escolas, atuando como restauração conservadora, e a justificativa do autor a este conceito é que o currículo e a avaliação nacional estão perigosamente relacionados às ideologias. O texto fala ainda do currículo nacional que inicialmente foi implantando na Inglaterra e que consiste de matérias básicas e fundamentais, como a matemática, ciências, tecnologia, história, arte, música, educação física e uma língua estrangeira moderna, mas para Michael Apple é importante levantar questões para que pensemos e repensemos nas implicações que conservadorismo pode causar no neste tipo de currículo, pois a adoção de livros didáticos do Estado pode dispensar muito tempo e custo e não atingir a qualidade do ensino, este tipo de currículo citado está vinculado com projetos direitistas, mas para outros autores mais liberais citados no texto, um currículo nacional mais bem projetado seria aquele que envolveria a criação de novos exames (métodos de avaliação), com um conteúdo mais rigoroso e maior preparo dos educadores para a exigência e estímulo dos alunos. Os professores e administradores teriam de aprofundar seus conhecimentos e mudar concepções sobro o seu próprio conhecimento (em termos atuais: reciclar). Os atos de ensinar e aprender teriam de tornar-se mais ativos e inventivos, e a atenção, cooperação e participação na sala de aula torna-se algo mais frequente.  E em se tratando de Neoconservadorismo e Neoliberalismo, a nova aliança em favor da restauração conservadora inseriu a educação em um conjunto mais amplo de compromissos ideológicos. Os seus objetivos são os mesmos que orientam as suas metas para a economia e o bem-estar social. O neoliberalismo defende um Estado fraco, onde a sociedade deixa a “mão invisível” do livre mercado guiar todos os aspectos de suas interações sociais e é vista não só como eficiente, mas também como democrática. Já o neoconservadorismo, orienta-se para uma visão de Estado forte, voltado para uma política de relações de corpo, gênero, raça, padrões, valores e condutas e ao tipo de conhecimento que deve ser transmitido a futuras gerações.


Citações: 

1-“O currículo nacional possibilita a criação de um procedimento que pode supostamente dar aos consumidores escolas com “selos de qualidade” para que as “forças de livre mercado” possam operar em sua máxima abrangência.” (pag. 74)

2-“Um currículo nacional pode ser visto como um instrumento para prestação de contas, para ajudar-nos a estabelecer parâmetros a fim de que os pais possam avaliar as escolas.” (pag. 75)

3-“É possível, por exemplo, afirmar que, somente instituindo um sistema de currículo e avaliação nacionais, seremos capazes de deter a fragmentação que virá em consequência da porção neoliberal do projeto direitista.” (pag. 85)

 
Considerações do pesquisador (aluna):
Falar sobre neoliberalismo e neoconservadorismo, currículo nacional, avaliação e educação me faz pensar nas mudanças que já ocorreram e que foram positivas, mas, contudo, não foram suficientes; as desigualdades na educação ainda existem como relatadas no texto, mas muita coisa ainda tem que mudar, temos que pensar no currículo e toda sua dimensão como algo a ser colocado em prática. Temos visto que muitas são as teorias que esclarecem e tecem conceitos sobre o currículo, agora é buscar concretizar as ações educativas para a melhora da qualidade do ensino.


Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Repensando ideologia e currículo (cap. 2)


Tipo: LIVRO

Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

Referência Bibliográfica: Repensando ideologia e currículo. In:MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008.

Resumo / conteúdo de interesse:

O capítulo 2 do livro de Moreira e Silva foi escrito por Michael W. Apple e trás em seu conteúdo que fala de Ideologia e Currículo, o pensamento de que se não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das desigualdades de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade, ou seja, a ética e a política tem que ser considerada para o bem comum da sociedade. O autor buscou no texto alertar os educadores quanto ao fato destes realizarem um exame crítico sobre questões de ciência, natureza de homens e mulheres, ética e política, práticas curriculares e pedagógicas. Repensar a forma e o conteúdo do currículo, as relações sociais dentro da sala de aula e as maneiras pelas quais atualmente esses aspectos têm entrado na cultura de determinados grupos em determinadas instituições e em determinadas épocas são pontos também relatados no texto. As instituições distribuem valores ideológicos e conhecimentos necessários à manutenção das composições econômicas, políticas e culturais. E é esta tensão entre distribuição e produção de conhecimento que faz com que as escolas atestem esta partilha de poder econômico e cultural já existente. O tema em questão “Ideologia e Currículo”, foi um trabalho desenvolvido pelo autor ao longo de uma década, foi este o tempo necessário para que ele entendesse a política da realidade educacional e revelasse a marca dessa luta entre conceitos, linguagem e análises. O texto é encerrado com a ênfase de que a tarefa dos educadores é ensinar e aprender, é questionar e reformular o próprio senso comum.

Citações:

1-“Finalmente, senti que era necessário transportar-me para dentro da escola e escrutinar rigorosamente o verdadeiro currículo – não só o explícito, mas também o oculto –que dominava a sala de aula, e então compará-lo com os pressupostos de senso comum dos educadores.” (pag. 44)

2-“Boa parte de minha vida de ativista, pesquisador e professor temsindo gasta tentando unir as fronteiras artificiais entre, digamos, política e educação, entre currículo e ensino de um lado e questões de poder cultural, político e econômico de outro.” (pag. 54)

3-“Ideologia e Currículo –reconhecidas suas limitações e silêncios – é parte de minha jornada nesse caminho para a democracia cultural.” (pag. 35)

Considerações do pesquisador (aluna):

Apesar de este texto ter sido escrito na década de 80, ele é trazido à tona pelos autores Moreira e Silva, ou seja, se ainda é discutido é porque é cheio de grandes significados que ainda são atuantes. É necessário que repensemos ideologia e currículo, e os significados e atuação que eles têm nas escolas nos dias de hoje.

Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Sociologia e teoria crítica do currículo: Uma introdução. (cap. 1)



Tipo: LIVRO

Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

Referência Bibliográfica: Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10ed. São Paulo:Cortez, 2008.

 

Resumo / conteúdo de interesse:


O capítulo trata dos principais pontos das origens da tradição crítica e sociológica do currículo trazendo um pouco de sua história em um primeiro momento, e, em seguida faz uma análise da forma como ela se apresenta hoje. Surgem então duas tendências curriculares entre as décadas de 20 e início dos anos 70: escolanovismo de Dewey e Kilpatrick que valorizava os interesse do aluno e o tecnicismo de Bobbitt que pregava a construção de um currículo que desenvolva aspectos desejáveis da personalidade humana sendo esta prática altamente controlada pelo professor. Na primeira parte do texto os autores tratam da preocupação em racionalizar, sistematizar e controlar a escola e o currículo. Para melhor ilustrar o currículo como instrumento de controle social, o texto traz o contexto histórico norte americano de quando surgiram os estudos sobre currículo onde, após uma guerra civil, ocorreu uma reestruturação na economia e na sociedade. A economia passou a ser dominada pelo capital industrial e pelos monopólios complexando assim os processos de produção a partir do surgimento de uma demanda por maiores instalações e mais empregados. Em relação à questão social ocorreu um aumento da imigração em decorrência da industrialização e urbanização através de um êxodo rural. Dessa forma passou a escola a ser o principal meio de transmissão de costumes e valores qualificando e especializando os imigrantes para a vida profissional. Eles buscavam adaptar a escola e o currículo à nova ordem capitalista vigente. Depois disso ocorreram a ênfase estruturalista, ou seja, ênfase na estrutura organizacional e a contracultura com o movimento hippie onde a escola passou a ser criticada. Com o presidente Nixon houve um retorno à eficiência e a produtividade. A partir de 1973 surgem duas tendências: a teoria crítica e a hermenêutica. Na segunda parte do texto os autores defendem um estudo das relações entre currículo e ideologia propondo a partir de Althusser uma ruptura com a noção neoliberal de uma escola ideologicamente neutra. Contudo, ocorre posteriormente uma crítica à obra devido a uma percepção restrita de ideologia como falsa consciência. Surge então a proposta de uma ampliação do conceito de ideologia como sendo essencial à luta de classes questionando então a quem ela beneficia e não mais ao fato de corresponder ou não a realidade. Com relação à questão do currículo e cultura o primeiro é visto como uma forma de transmitir a cultura de uma sociedade. Não existe uma cultura da sociedade unitária nem universalmente aceita, a cultura é vista como um campo e terreno de luta onde diferentes concepções de vida social se enfrentam. Dessa forma, o texto traz de maneira clara e objetiva questões antigas e atuais sobre a teoria crítica do currículo, levando o leitor a refletir sobre as relações entre currículo e poder.

 
Citações:

 

1-    “No caso especifico do currículo, a intenção central era identificar e ajudar a eliminar os aspectos que contribuíam para restringir a liberdade dos indivíduos e dos diversos grupos sociais.” (pag. 15)

 
2-   “O currículo é, assim, um terreno de produção e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de criação, recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão.” (pag. 28)

 
3-   “Como se vê, a teorização crítica sobre currículo da qual a Sociedade do Currículo é um importante elemento, é um processo contínuo de análise e formação. A Teoria Crítica do Currículo é um movimento de constante problematização e questionamento.” (pag. 35)

  

Considerações do pesquisador (aluna):

Este texto trás a mente reflexões que vem sendo constantemente estimuladas. O papel do currículo nas escolas, as características que ela possui de acordo com o pensamento de diversos educadores, sua influência na sociedade e na construção do saber e reflexão do ser humano. Acredito que todo texto com esta amplitude de palavras e conceitos sempre serão bem vindos ao nosso entendimento e prática enquanto educadores, pois faz-nos pensar o quanto devemos manter esta constante formação profissional para o bem dos educandos.

 

Indicação da obra:

Professores e pesquisadores na área da educação.

 

 

 

 

 

 

 

 



"Severino Antônio e Katia Tavares falam sobre o papel da escola em um mundo cercado de modelos prontos, consumismo e no qual as crianças muitas vezes não são ouvidas."
 
Estes educadores falam de educar com paixão e criatividade. E é nisso que também acredito!... Devemos "aposentar" modelos antigos e redescobrir novas formas didáticas que estimulem o aluno a se tornar sujeito do seu próprio aprendizado.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

FICHAMENTO DO ARTIGO: Política de Educação a Distância: a Flexibilização Estratégica, de Raquel Goulart Barreto

Tipo: ARTIGO

Assunto / tema: EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Referência Bibliográfica: LOPES, A. C., MACEDO, E. Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.


Resumo / conteúdo de interesse:

O artigo de Raquel Goulart Barreto, busca discutir como a Educação a Distância - EaD - tem sido pensada. E considera ainda como as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs - tem sido incorporadas ao ensino.

A autora aborda duas questões: a EaD como modalidade de ensino enfatizando sua dimensão operacional, e EaD em seu aspecto político - ideológico.

Em relação à dimensão operacional, as TICs correspondem basicamente à transposição dos conteúdos para os meios digitais, utilização da internet para interação entre alunos e professores, com ênfase aos meios operacionais da realização da EaD.

Já a dimensão político - ideológica da EaD, problematiza as relações existentes entre as TICs e os modos que estas são utilizadas na educação. Destaca que estas são produzidas em áreas não - educacionais e para outros fins é readaptadas para a área educacional. Nos países centrais este tipo de tecnologia representa o aperfeiçoamento do ensino, mas a EaD é uma estratégia alternativa cara nos países periféricos, apesar de ser uma forma de reduzir os custos do ensino. No Brasil, a EaD é utilizada como estratégia para formação de professores.

É no contexto brasileiro que a autora procura a partir da análise do discurso dos documentos oficiais relativos ao tema, identificar como a EaD é referida em tais documentos e qual o sentido que lhe é atribuída. Em todos os documentos, a EaD é justificada pela possibilidade de flexibilização em diferentes sentidos em que pode-se destacar a flexibilização curricular (baseada em competências), a flexibilização de associação entre instituições públicas e privadas, e a flexibilização das fontes de financiamento. A flexibilização nos moldes citados é uma forma estratégica, ou seja, possui uma intencionalidade: a homogeneização dos currículos e a consequente transformação da educação em uma mercadoria (serviço educacional).

Um dos documentos analisados é o do Grupo de Trabalho Interministerial – GTI onde o foco é a utilização da EaD para o aumento de número de vagas nas universidades. Neste contexto, a EaD é responsável pela multiplicação de tais vagas e lamenta a existência de posturas críticas existentes em relação à sua estratégia, pois outros documentos ignoram o fato de que ela têm sido utilizada para atualização de professores, treinamento de trabalhadores em serviço, e consequente certificação e aceleração na formação profissional para atender as demandas do mercado. O GTI nega também questão da tentativa de substituição do professor pela tecnologia, atribuindo a ele a possibilidade de planejamento e produção de conteúdo, porém, ressalta a necessidade de capacitação dos professores na utilização dos recursos tecnológicos.

O papel do professor neste caso é deslocado para a tutoria e avaliação, e isto é reforçado pela necessidade de que os materiais educacionais sejam de ampla utilização, já que as tecnologias são vistas como uma alternativa para reduzir problemas na educação e formação de professores.

Ao final do artigo, a autora discute sobre o discurso da competência, que legitima as propostas educacionais tornado-as inquestionáveis. Como exemplo, temos a inserção da EaD na formação docente e a transformação das tecnologias como o sujeito do processo de aprendizagem.

 

Citações:

1)      "De um lado, as tecnologias são postas como solução para todos os problemas e, de outro, reduzidas a estratégias de EaD, agora estendidas da formação de professores para a graduação em geral, especialmente nas instituições públicas.” (p. 199)


2)      “Este é um modo de incorporação que desloca os benefícios potencias das TIC do aperfeiçoamento do ensino para a sua substituição, podendo constituir estratégia para “resolver” as contradições entre o discurso da valorização do professor e o esvaziamento do trabalho-formação docente.” (p.199)


3)      “Em síntese, na política da educação à distância, a flexibilização é estratégia para: liberalização de acordos e serviços; a desnacionalização de serviços básicos como a educação (Siqueira, 2004); o fim da fronteira entre o público e o privado; o silenciamento dos campi (Leher, 2004); o esvaziamento da formação como prática social; a redução dos cursos a pacotes instrucionais; a desterritorialização da escola, etc.” (p. 202)

 
Considerações do pesquisador (alunos):

O artigo levanta questionamentos sobre o uso das TICs e da EaD que geralmente não nos atentamos. Muitas vezes, assumimos o discurso de que a EaD é a solução dos problemas da educação sem pensarmos criticamente que tal proposta está carregada de intencionalidades e que muitas vezes atendem às necessidades de determinados grupos políticos e econômicos. Portanto, o artigo cumpre o seu papel de provocar reflexões sobre a neutralidade da inserção das TICs e da EaD.


Indicação da obra:

Professores e pesquisadores na área da educação, em especial em educação à distância.

 
 
* TEXTO FICHADO POR ZAQUEU E CYNTHIA

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O momento que segue agora é uma reflexão acerca de tudo que foi discutido na última aula de TCC.
 
Falamos sobre o livro de Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia e diversas palavras com seus significados vieram à tona para esclarecer ideias...
 
Falar da autonomia do aluno e sua curiosidade epistemológica consiste em apoiá-lo em busca incessante pelo conhecimento e tudo o que ele pode lhe oferecer em um conceito social, ético, político, crítico e consciente, ou seja, a dar-lhe a vara para pescar e não o peixe. Ele tem que aprender a conviver com desafios e descobertas, mas pensemos... ele será capaz de ter está iniciativa por si só? Penso ser este o momento exato da atuação do professor como o mediador de toda esta trilha que o levará ao desconhecido. O professor portador de uma bagagem rica em conhecimentos possui autoridade para levar à diante o que é de sua práxis, afinal de contas, um educador repleto de conheciemento, vontade, alegria e motivação é extremamente capaz de dialogar com seus educandos.

É preciso estarmos num processo de busca constante quanto educadores, vemos crianças crescendo, mudando, amadurecendo, aprendendo e evoluindo. Lidamos com gente, com sentimentos, com sonhos, com realizações, mas também com medos, dúvidas, angústias, problemas familiares e emocionais, enfim... estamos frente a frente à realidade de vida de muitos educandos, e temos que ao máximo levar compreensão e motivação a estes.
 
Um relação estreita entre estes dois personagens (aluno - professor) certamente terá êxito, pois "não existe docência sem a discência", não é mesmo?... Sábias palavras de Paulo Freire, este educador soube apreciar a arte do ensino e tudo de belo que existe nele!
 

Além das discussões de Paulo Freire, foi apresentado a nós o texto de Antônio Prada sobre o "BOLO". Segue o texto e minhas reflexões costuradas com as discussões do livro de Paulo Freire entre outras colocações realizadas em sala de aula.


Poucas coisas neste mundo são mais tristes do que um bolo industrializado. Ali no supermercado, diante da embalagem plástica histericamente colorida, suspiro e penso: estamos perdidos. Bolo industrializado é como amor de prostituta, feliz natal de caixa automático, bom dia da Blockbuster. É um anti-bolo. Não discuto aqui o gosto, a textura, a qualidade ou abundância do recheio de baunilha, chocolate ou qualquer outro sabor. (O capitalismo, quando se mete a fazer alguma coisa, faz muito bem feito). O problema não é de paladar, meu caro, é uma questão de princípios. Acredito que o mercado de fato melhore muitas coisas. Podem privatizar a telefonia, as estradas, as siderúrgicas. Mas não toquem no bolo! Ele não precisa de eficiência. Ele é o exemplo, talvez anacrônico, de um tempo que não é dinheiro. Um tempo íntimo, vagaroso, inútil, em que um momento pode ser vivido no presente, pelo que ele tem ali, e não como meio para, com o objetivo de.
 
Engana-se quem pensa que o bolo é um alimento. Nada disso. Alimento é carboidrato, é proteína, é vitamina, é o que a gente come para continuar em pé, para ir trabalhar e pagar as contas. Bolo não. É uma demonstração de carinho de uma pessoa a outra. É um mimo de avó. Um acontecimento inesperado que irrompe no meio da tarde, alardeando seu cheiro do forno para a casa, da casa para a rua e da rua para o mundo. É o que a gente come só para matar a vontade, para ficar feliz, é um elogio ao supérfluo, à graça, à alegria de estarmos vivos.
 

A minha geração talvez seja a primeira que pôde crescer e tornar-se adulto sem saber fritar um bife. O mercado (tanto com m maiúsculo como minúsculo) nos oferece saladas lavadas, pratos congelados, comida desidratada, self-services e deliverys. Cortar, refogar, assar e fritar são verbos pretéritos.
 

Se você acha que é tudo bem, o problema é seu. Eu vou espernear o quanto puder. Se entregarmos até o bolo aos códigos de barras, estaremos abrindo mão de vez da autonomia, da liberdade, do que temos de mais profundamente humano. Porque o próximo passo será privatizar as avós, estatizar a poesia, plastificar o amor, desidratar o mar e diagramar as nuvens.

 

Tô fora.

 

(Antonio Prata)





 
           Existe de minha parte uma certa concordância com as palavras deste autor, a correria do dia-a-dia traz a nós muitas vezes produtos de fácil acesso, pensamentos incontroláveis, exaustão rotineira, relações descompromissadas, transportes lotados, filas, horários... enfim, é a lei de sobrevivência do mais forte! Mas para quê tudo isso? Como retornar ao tempo em que tudo era mais fácil, mais leve, mas simples? Esta pergunta não possue uma resposta pronta, pois está não existe. Temos que encarar a dura realidade que nos cerca, onde precisamos nos adaptarmos a este mundo modernizado e competitivo, mas não podemos perder a essência que nos faz sermos quem somos, a de possuirmos liberdade de pensamento e autonomia de escolhas. Podemos sim escolher o "industrializado", mas será que devemos viver somente à base dele? Penso que não, temos que manter o gosto pelo natural, fixados às raízes de uma época que já está se distanciando e deixando em muitos o gosto da saudade.

Na escola também deve ser assim, devemos manter o natural, o simples, o próximo, o íntimo, ou seja, tudo aquilo que faz de nós educadores apoiados em um processo de ensino que tenha "vida". Devemos ter a noção de que o ensino deve sim acompanhar a evolução dos tempos, mas que este não deve perder as suas particularidades.