Tipo: ARTIGO
Assunto /
tema: EDUCAÇÃO
À DISTÂNCIA
Referência
Bibliográfica: LOPES,
A. C., MACEDO, E. Políticas de currículo
em múltiplos contextos. São Paulo: Cortez, 2006.
Resumo /
conteúdo de interesse:
O artigo de Raquel Goulart Barreto,
busca discutir como a Educação a Distância - EaD - tem sido pensada. E
considera ainda como as Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs - tem
sido incorporadas ao ensino.
A autora aborda duas questões: a EaD
como modalidade de ensino enfatizando sua dimensão operacional, e EaD em seu
aspecto político - ideológico.
Em relação à dimensão operacional, as TICs correspondem basicamente à transposição
dos conteúdos para os meios digitais, utilização da internet para interação entre
alunos e professores, com ênfase aos meios operacionais da realização da EaD.
Já a dimensão político - ideológica da EaD, problematiza as relações existentes
entre as TICs e os modos que estas são utilizadas na educação. Destaca que
estas são produzidas em áreas não - educacionais e para outros fins é
readaptadas para a área educacional. Nos países centrais este tipo de
tecnologia representa o aperfeiçoamento do ensino, mas a EaD é uma estratégia
alternativa cara nos países periféricos, apesar de ser uma forma de reduzir os
custos do ensino. No Brasil, a EaD é utilizada como estratégia para formação de
professores.
É no contexto brasileiro que a autora
procura a partir da análise do discurso dos documentos oficiais relativos ao
tema, identificar como a EaD é referida em tais documentos e qual o sentido que
lhe é atribuída. Em todos os documentos, a EaD é justificada pela possibilidade
de flexibilização em diferentes sentidos em que pode-se destacar a
flexibilização curricular (baseada em competências), a flexibilização de
associação entre instituições públicas e privadas, e a flexibilização das
fontes de financiamento. A flexibilização nos moldes citados é uma forma estratégica,
ou seja, possui uma intencionalidade: a homogeneização dos currículos e a
consequente transformação da educação em uma mercadoria (serviço educacional).
Um dos documentos analisados é o do
Grupo de Trabalho Interministerial – GTI onde o foco é a utilização da EaD para
o aumento de número de vagas nas universidades. Neste contexto, a EaD é
responsável pela multiplicação de tais vagas e lamenta a existência de posturas
críticas existentes em relação à sua estratégia, pois outros documentos ignoram
o fato de que ela têm sido utilizada para atualização de professores, treinamento
de trabalhadores em serviço, e consequente certificação e aceleração na
formação profissional para atender as demandas do mercado. O GTI nega também
questão da tentativa de substituição do professor pela tecnologia, atribuindo a
ele a possibilidade de planejamento e produção de conteúdo, porém, ressalta a
necessidade de capacitação dos professores na utilização dos recursos
tecnológicos.
O papel do professor neste caso é deslocado
para a tutoria e avaliação, e isto é reforçado pela necessidade de que os
materiais educacionais sejam de ampla utilização, já que as tecnologias são
vistas como uma alternativa para reduzir problemas na educação e formação de
professores.
Ao final do artigo, a autora discute sobre
o discurso da competência, que legitima as propostas educacionais tornado-as
inquestionáveis. Como exemplo, temos a inserção da EaD na formação docente e a
transformação das tecnologias como o sujeito do processo de aprendizagem.
Citações:
1) "De
um lado, as tecnologias são postas como solução para todos os problemas e, de
outro, reduzidas a estratégias de EaD, agora estendidas da formação de
professores para a graduação em geral, especialmente nas instituições públicas.”
(p. 199)
2) “Este é um
modo de incorporação que desloca os benefícios potencias das TIC do
aperfeiçoamento do ensino para a sua substituição, podendo constituir
estratégia para “resolver” as contradições entre o discurso da valorização do
professor e o esvaziamento do trabalho-formação docente.” (p.199)
3) “Em
síntese, na política da educação à distância, a flexibilização é estratégia
para: liberalização de acordos e serviços; a desnacionalização de serviços
básicos como a educação (Siqueira, 2004); o fim da fronteira entre o público e
o privado; o silenciamento dos campi (Leher,
2004); o esvaziamento da formação
como prática social; a redução dos cursos a pacotes instrucionais; a
desterritorialização da escola, etc.” (p. 202)
Considerações do pesquisador
(alunos):
O artigo
levanta questionamentos sobre o uso das TICs e da EaD que geralmente não nos
atentamos. Muitas vezes, assumimos o discurso de que a EaD é a solução dos
problemas da educação sem pensarmos criticamente que tal proposta está
carregada de intencionalidades e que muitas vezes atendem às necessidades de determinados
grupos políticos e econômicos. Portanto, o artigo cumpre o seu papel de
provocar reflexões sobre a neutralidade da inserção das TICs e da EaD.
Indicação da obra:
Professores
e pesquisadores na área da educação, em especial em educação à distância.