sábado, 6 de julho de 2013

Autoavaliação e considerações finais!!!

Inicio este novo post com o texto abaixo de Marina Fernandes e logo em seguida gostaria de deixar algumas palavras sobre os momentos vividos na disciplina Tendências Contemporâneas de Currículo (TCC).


TEXTO:     “A borracha”
 

Clarinha, filha de minha amiga Alessandra, no auge dos seus quatro anos, já sabe, como os demais de sua geração, o significado de “deletar”, a função do “backspace”, e, se duvidar, já se arrisca a usar o ctrl+z. Mas o que tem encantado Clarinha nesses últimos tempos é mesmo a borracha: a descoberta desse avanço tecnológico que permite apagar o que suas mãozinhas produzem com o grafite do seu lápis. Claro que ela não classifica os efeitos da borracha como “avanço tecnológico”. Para ela é mágica. Ou “apenas” mágica, como diriam os menos esclarecidos. Clarinha encontrou na borracha as delícias do fazer e desfazer. Ou melhor: fazer, desfazer e refazer. Então, não foi de assustar quando, ouvindo com a mãe os últimos acontecimentos do Brasil, seus olhinhos brilhassem ao perguntar: “Mas mamãe!!! Existe uma bala toda feita de borracha??? Difícil é tentar refazer a imagem que se formou naquela cabecinha cheia de cachinhos castanhos, mas uma coisa é certa: para ela, alguém havia conseguido unir em um único elemento seus dois maiores objetos de desejo! Que gênio teria feito isso? Certamente na condição de inferioridade que o mundo adulto nos impõe, melhor nem tentar descobrir a gama de possibilidades que Clarinha atribuiu àquele objeto tão especial, tão perfeito ao ponto de saciar o paladar e a criatividade ao mesmo tempo! Podemos apenas concluir que no mundo de Clarinha não existem conflitos armados ou manifestações populares. Gasolina é apenas algo com cheiro ruim que faz o carro da mamãe andar. E bola de futebol é aquilo que se compra na lojinha da esquina com um dinheirinho azul que tem o desenho de uma tartaruga. É, Clarinha, quem dera todos nós fizéssemos a oração de Adélia Prado: “Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande.” Então, minha querida, teríamos hoje um lindo objeto que, além de apagar o que está errado, ainda permitiria fazer tudo novamente. E mais: esse processo viria acompanhado de um doce gostinho de morango... ou outra fruta qualquer...

 
Reflexões:

A disciplina TCC do MPEC ministrado pela professora Rita Stano por um breve semestre foi marcado por lições de fazer, desfazer e refazer, assim como a borracha para a “Clarinha” do texto acima... e como aprendemos estas lições? Bom, foi sextando que encontramos grandes colocações para a nossa prática em educação, as aulas nos ensinaram o poder que o currículo e que nossa boa vontade pode fazer quando queremos mudar nosso cenário de ensino-aprendizagem. Eu particularmente, após este período vivenciando esta e outras disciplinas no Mestrado em Ciências, descobri que a ciência que carrego comigo ao longo da minha formação enquanto Enfermeira ainda é algo a ser mais explorado e praticado. Mudar concepções e regras em busca da qualidade do ensino de minhas aulas, de minhas avaliações, de meu comportamento, de meu entendimento frente às dificuldades dos alunos quando estes se deparam com um assunto não dominado, não compreendido. Aprendi que quando este momento chega é a hora de “parar” e refazer um novo método para que estes consigam absorver as informações a eles transmitidas, talvez esta seja a hora de ganhar aquele “impulso” e colocar em prática por exemplo, um currículo oculto. Aprendi os diversos significados embutidos dentro da palavra currículo e como ele é amplo, transformador e essencial para nossa vivência em aula. Aprendi que planejamento é algo fundamental, mas que eles podem nos pregar peças e fugir do controle, e é neste momento que entra em cena a criatividade de ser professor, ou seja, de estar preparado para enfrentar uma nova situação e não perder o embalo, só porque não foi possível manter o “rigor” dos planos de ensino e cronograma de aulas. Aprendi que temos que ser pipocas branquinhas e saborosas para aguçar o paladar do aluno com nosso entusiasmo e disposição em ensinar algo novo. Aprendi que o Sistema Educacional pode ser falho, mas que é algo a ser transformado e melhorado e que compete muitas vezes ao professor esse “toque” de melhoria. Aprendi que sentar com um colega na sala de professores pode ser algo inovador, pois é neste momento que tecemos um novo projeto de ensino em prol da formação do aluno. Aprendi a respeitar a sabedoria e as experiências dos educadores mais velhos, sendo estes formadores tradicionais ou contemporâneos, pois sempre podemos tirar lições e inspirações de como fazer ou não fazer... Aprendi significado de tantas palavras não existentes ainda no meu dicionário, palavras e frases que mais pareciam poesias, e foram muitas as utilizadas pela "poetisa" Rita Stano rsrs... Aprendi o valor das amizades que estão ao nosso lado, das pessoas que chegam nas nossas vidas para deixar a manhã mais agradável, mais engraçada, mais dinâmica e mais saborosa, pois aprendi que partilhar o café da manhã é manter relações pessoais, e como gosto de relações pessoais!!! Temos tanto a aprender com tantas pessoas, o ser humano é algo que me fascina, às vezes nos decepcionam, mas sempre fascinam... Aprendi tanta coisa nestes meses... mas, aprendi principalmente que sou capaz de alcançar voos mais altos, de criar, de recriar e buscar sempre o melhor para aquilo que desejei ser... “professora”.

Obrigada Rita Stano e amigos do MPEC por fazerem parte deste momento de tanto “aprendizado”... Um beijo no coração de todos vocês!!!  

Sentirei saudades....
 

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Formação do professor como uma contra-esfera pública: A pedagogia radical como uma forma de política cultural. (cap. 5)

Tipo: LIVRO  

Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

Referência Bibliográfica: Formação do professor como uma contra-esfera pública: A pedagogia radical como uma forma de política cultural. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008. 

Resumo / conteúdo de interesse:

O capítulo 5 do livro de Moreira e Silva foi escrito por Henry A. Giroux e Peter McLaren e trás no seu conteúdo o argumento de que as escolas de formação de professores necessitam ser reconcebidas como contra-esferas públicas. E que por essa razão, é necessário desenvolver programas que eduquem os futuros professores como intelectuais críticos capazes de ratificar e praticar o discurso da liberdade e da democracia. A educação do professor raramente tem ocupado espaço público ou político de importância dentro da cultura contemporânea, onde o sentido do social pudesse ser resgatado e reiterado a fim de dar a professores e alunos a oportunidade de contribuir, com suas histórias culturais e pessoais e sua vontade coletiva, para o desenvolvimento de uma contra-esfera pública democrática. Muitos dos problemas atualmente associados à formação de professores indicam a falta de ênfase, no currículo dessa formação, na análise da questão do poder e de sua distribuição hierárquica, bem como no estudo da teoria social crítica.  Esta teoria social ajuda a desinvestir o pensamento convencional sobre a escolarização de sua condição de discurso objetivo e cientificamente fundamentado. Boa parte desse trabalho questiona a visão ideológica do aluno como autor e criador de seu próprio destino, descrevendo como a sua subjetividade está inscrita e posicionada em diferentes textos pedagógicos. Um currículo para formação de professores, para ser uma forma de política cultural, deve enfatizar a importância de tornar o social, o cultural, o político e o econômico os principais aspectos de análise e avaliação da escolarização contemporânea. Os autores mencionam que as escolas incorporam representações e práticas que tanto estimulam quanto inibem o exercício da ação humana no meio dos estudantes. Isso fica claro ao se reconhecer que um dos fatores mais importantes na construção da experiência e da subjetividade nas escolas é a linguagem, e esta não apenas posiciona professores e alunos, mas também funciona como veículo por meio do qual eles definem, mediatizam e compreendem suas relações uns com os outros e com a sociedade mais ampla.

 
Citações:

 1-    “O projeto de “fazer” um currículo como forma de política cultural para integrar um programa de formação de professores consiste em unir a teoria social radical a um conjunto de práticas estipuladas que permitam aos futuros professores desvendar e interrogar os discursos educacionais preferenciais, muitos dos quais foram inteiramente dominados por uma racionalidade instrumental hegemônica que limita ou ignora os imperativos de uma democracia crítica” (pag. 140)

 2- “Para que uma pedagogia crítica seja desenvolvida como forma de política cultural dentro da faculdade ou escolas de educação, é imperioso que se criem métodos de análise que não partam do pressuposto de que as experiências vividas podem ser automaticamente inferidas a partir de determinações estruturais.” (pag. 145)

 3- “O discurso da vida cotidiana também aponta para a necessidade de os educadores radicais verem as escolas como esferas culturais e políticas ativamente engajadas na produção da voz e na luta pela voz.” (pag. 75)

 Considerações do pesquisador (aluna):

Finalizando as reflexões sobre o livro e seus capítulos, faço aqui minhas considerações sobre este capítulo e sobre os demais. Fica claro que não são apenas os alunos que tem que ser formados com qualidade, mas também o professor, por ser o mediador do conhecimento. Para isso faz-se necessário acrescentar cultura crítica e social nas escolas para esta atingir tanto o discente como o docente e modificar de forma significativo e processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, é impossível deixar de lado o currículo e toda a sua influência na metodologia do ensino e no comportamento dos profissionais educacionais. Mas que fique explícito aqui que não se faz currículo sem a cultura e a sociedade. Então, que tenhamos ânimo para colocar em prática um currículo organizado, coerente e sistematizado e que atinja a todos trazendo excelência na educação.

Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.

FICHAMENTO DO CAPÍTULO: Cultura Popular e Pedagogia Crítica: A vida cotidiana como base para o conhecimento curricular (cap. 4)

Tipo: LIVRO

 Assunto / tema: Educação. Política. Sociologia. Ideologia. Currículo.

 Referência Bibliográfica: Cultura Popular e Pedagogia Crítica: A vida cotidiana como base para o conhecimento curricular. In: MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Currículo, Cultura e Sociedade. 10.ed. São Paulo:Cortez, 2008.

 
Resumo / conteúdo de interesse:

 O capítulo 4 do livro de Moreira e Silva foi escrito por Henry A. Giroux e Roger Simon e o tema tratado é sobre a reforma educacional, sustentada pela influência de um secretário da educação americano William Bennett, onde este ampliou a definição de escolarização que os conservadores tinham ao reafirmar sua supremacia como guardiã da civilização ocidental, e esta tradição é transmitida através de uma pedagogia livre das incômodas preocupações com a equidade, justiça social ou a necessidade de formar cidadãos críticos. Falar da escola é falar de dois lados bastante importantes, um que defende a escola como forma social de ampliar as capacidades humanas e a outra que fala que a pedagogia deve ser crítica e levar em consideração a forma de repensar que as pessoas têm de suas experiências e vozes. Os autores relatam que é desnecessário dizer que a cultura popular, embora seja em geral ignorada nas escolas, não é uma força insignificante na formação da visão que o aluno tem de si mesmo e de suas relações com diversas formas de pedagogia e de aprendizagem. Os professores precisam encontrar meios de criar espaço para um mútuo engajamento das diferenças vividas, que não exija o silenciar de uma multiplicidade de vozes por um único discurso dominante; ao mesmo tempo, devem desenvolver formas de pedagogia ancoradas em uma ética que denuncie o racismo, o sexismo e a exploração de classes como ideologias e práticas sociais que convulsionam e desvalorizam a vida pública. Os autores ainda deixam claro no texto, que a pedagogia crítica jamais estará concluída; suas condições de existência e possibilidade estão em constante alteração, tendo em vista sua tentativa de se dedicar àquilo que “ainda não” se concretizou, que ainda é possível e pelo qual vale a pena lutar.

 Citações:

 
1-“Queremos intervir nesse debate afirmando que a escola é um território de luta e que a pedagogia é uma forma de política cultural”. (pag. 95) 

2-“A cultura popular é organizada em torno do prazer e da diversão, enquanto a pedagogia é definida principalmente em termos instrumentais. A cultura popular situa-se no terreno do cotidiano, ao passo que a pedagogia geralmente legitima e transmite a linguagem, os códigos e os valores da cultura dominante”. (pag. 96)

3-“Como escreveu Tony Bennett: “Uma prática cultural não carrega consigo a política que a gerou, como se esta houvesse sido gravada a fogo para toda a eternidade; ao contrário, o seu funcionamento político depende da rede de relações sociais e ideológicas em que está inserida como consequência das formas pelas quais ela se articula com outras práticas, em determinada conjuntura”. (Bennett, 1986: XVI)” (pag. 109)

 
Considerações do pesquisador (aluna):
A pedagogia diz respeito, a um só tempo, às práticas em que alunos e professores podem juntos engajar-se à política cultural que está por trás delas. É nesse sentido que propor uma pedagogia é formular uma visão política. Precisamos de uma pedagogia cujos padrões e objetivos a serem alcançados sejam determinados com metas e ampliação da capacidade humana e das possibilidades sociais. E acredito nisso... Basta termos em nosso meio educacional, profissionais dispostos a fazer a diferença!

Indicação da obra: Professores e pesquisadores na área da educação.