quinta-feira, 9 de maio de 2013

O momento que segue agora é uma reflexão acerca de tudo que foi discutido na última aula de TCC.
 
Falamos sobre o livro de Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia e diversas palavras com seus significados vieram à tona para esclarecer ideias...
 
Falar da autonomia do aluno e sua curiosidade epistemológica consiste em apoiá-lo em busca incessante pelo conhecimento e tudo o que ele pode lhe oferecer em um conceito social, ético, político, crítico e consciente, ou seja, a dar-lhe a vara para pescar e não o peixe. Ele tem que aprender a conviver com desafios e descobertas, mas pensemos... ele será capaz de ter está iniciativa por si só? Penso ser este o momento exato da atuação do professor como o mediador de toda esta trilha que o levará ao desconhecido. O professor portador de uma bagagem rica em conhecimentos possui autoridade para levar à diante o que é de sua práxis, afinal de contas, um educador repleto de conheciemento, vontade, alegria e motivação é extremamente capaz de dialogar com seus educandos.

É preciso estarmos num processo de busca constante quanto educadores, vemos crianças crescendo, mudando, amadurecendo, aprendendo e evoluindo. Lidamos com gente, com sentimentos, com sonhos, com realizações, mas também com medos, dúvidas, angústias, problemas familiares e emocionais, enfim... estamos frente a frente à realidade de vida de muitos educandos, e temos que ao máximo levar compreensão e motivação a estes.
 
Um relação estreita entre estes dois personagens (aluno - professor) certamente terá êxito, pois "não existe docência sem a discência", não é mesmo?... Sábias palavras de Paulo Freire, este educador soube apreciar a arte do ensino e tudo de belo que existe nele!
 

Além das discussões de Paulo Freire, foi apresentado a nós o texto de Antônio Prada sobre o "BOLO". Segue o texto e minhas reflexões costuradas com as discussões do livro de Paulo Freire entre outras colocações realizadas em sala de aula.


Poucas coisas neste mundo são mais tristes do que um bolo industrializado. Ali no supermercado, diante da embalagem plástica histericamente colorida, suspiro e penso: estamos perdidos. Bolo industrializado é como amor de prostituta, feliz natal de caixa automático, bom dia da Blockbuster. É um anti-bolo. Não discuto aqui o gosto, a textura, a qualidade ou abundância do recheio de baunilha, chocolate ou qualquer outro sabor. (O capitalismo, quando se mete a fazer alguma coisa, faz muito bem feito). O problema não é de paladar, meu caro, é uma questão de princípios. Acredito que o mercado de fato melhore muitas coisas. Podem privatizar a telefonia, as estradas, as siderúrgicas. Mas não toquem no bolo! Ele não precisa de eficiência. Ele é o exemplo, talvez anacrônico, de um tempo que não é dinheiro. Um tempo íntimo, vagaroso, inútil, em que um momento pode ser vivido no presente, pelo que ele tem ali, e não como meio para, com o objetivo de.
 
Engana-se quem pensa que o bolo é um alimento. Nada disso. Alimento é carboidrato, é proteína, é vitamina, é o que a gente come para continuar em pé, para ir trabalhar e pagar as contas. Bolo não. É uma demonstração de carinho de uma pessoa a outra. É um mimo de avó. Um acontecimento inesperado que irrompe no meio da tarde, alardeando seu cheiro do forno para a casa, da casa para a rua e da rua para o mundo. É o que a gente come só para matar a vontade, para ficar feliz, é um elogio ao supérfluo, à graça, à alegria de estarmos vivos.
 

A minha geração talvez seja a primeira que pôde crescer e tornar-se adulto sem saber fritar um bife. O mercado (tanto com m maiúsculo como minúsculo) nos oferece saladas lavadas, pratos congelados, comida desidratada, self-services e deliverys. Cortar, refogar, assar e fritar são verbos pretéritos.
 

Se você acha que é tudo bem, o problema é seu. Eu vou espernear o quanto puder. Se entregarmos até o bolo aos códigos de barras, estaremos abrindo mão de vez da autonomia, da liberdade, do que temos de mais profundamente humano. Porque o próximo passo será privatizar as avós, estatizar a poesia, plastificar o amor, desidratar o mar e diagramar as nuvens.

 

Tô fora.

 

(Antonio Prata)





 
           Existe de minha parte uma certa concordância com as palavras deste autor, a correria do dia-a-dia traz a nós muitas vezes produtos de fácil acesso, pensamentos incontroláveis, exaustão rotineira, relações descompromissadas, transportes lotados, filas, horários... enfim, é a lei de sobrevivência do mais forte! Mas para quê tudo isso? Como retornar ao tempo em que tudo era mais fácil, mais leve, mas simples? Esta pergunta não possue uma resposta pronta, pois está não existe. Temos que encarar a dura realidade que nos cerca, onde precisamos nos adaptarmos a este mundo modernizado e competitivo, mas não podemos perder a essência que nos faz sermos quem somos, a de possuirmos liberdade de pensamento e autonomia de escolhas. Podemos sim escolher o "industrializado", mas será que devemos viver somente à base dele? Penso que não, temos que manter o gosto pelo natural, fixados às raízes de uma época que já está se distanciando e deixando em muitos o gosto da saudade.

Na escola também deve ser assim, devemos manter o natural, o simples, o próximo, o íntimo, ou seja, tudo aquilo que faz de nós educadores apoiados em um processo de ensino que tenha "vida". Devemos ter a noção de que o ensino deve sim acompanhar a evolução dos tempos, mas que este não deve perder as suas particularidades.
 
 
 
FICHAMENTO - PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
 

Tipo: LIVRO
 
Assunto / tema: Autonomia. Educação. Ensino. Prática de Ensino. Professores. Formação Profissional.
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à
prática educativa
. 40. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. 148p.
 
Resumo / conteúdo de interesse:
“Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém.”
O assunto central do livro é em favor da autonomia do aluno, ele fundamenta os saberes necessários, as preocupações e o desenvolvimento dos alunos. O objetivo não é só de ensinar, mas também envolve a ética, o respeito, a responsabilidade, a liberdade e a consciência de sua posição no mundo. Educar tem suas práticas e é preciso uma reflexão sobre o que é educar, ter consciência de que ensinar não é transferir ou transmitir conhecimento e sim criar possibilidades para produção e construção dos conhecimentos partindo do envolvimento do aluno.
Paulo Freire fala da esperança e do otimismo necessários para mudanças e da necessidade de nunca se acomodar, pois "somos seres condicionados, mas não determinados". Ele apresenta três temas básicos para construir a Pedagogia da Autonomia, que leva à formação para vida, são eles: a) não há docência sem discência; b) ensinar não é transferir conhecimento e; c) ensinar é uma especificidade humana.
 
Citações:
Página:
1 “ Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar.”
23, 24
2 “É preciso insistir: este saber necessário ao professor – que ensinar não é transferir conhecimento – não apenas precisa de ser apreendido por ele e pelos educandos nas suas razões de ser – ontológica, política, ética, epistemológica, pedagógica, mas também precisa de ser constantemente testemunhado, vivido.”
47
3 “Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerentemente democrática é o que a torna quase escrava de um sonho fundamental: o de persuadir ou convencer a liberdade de que vá construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que, embora vindo de fora de si, reelaborados por ele, a sua autonomia. É com ela, a autonomia, penosamente construindo-se, que a liberdade ou preenchendo o “espaço” antes “habitado” por sua dependência. Sua autonomia que se funda na responsabilidade vai sendo assumida.”
 93, 94
Considerações da aluna: É preciso refletir a nossa prática enquanto educadores, pois a formação científica, correção, ética, respeito aos outros, coerência, capacidade de viver e de aprender com o diferente, são obrigações a que devemos nos dedicar.  Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. O ensino não depende exclusivamente do professor, assim como aprendizagem não é algo apenas de aluno, as duas atividades se explicam e se complementam; os participantes são sujeitos e não objetos uns dos outros.
Indicação da obra: Tem por finalidade nortear alunos de pedagogia e licenciaturas, e também professores na sua formação continuada, pois o livro faz uma séria reflexão sobre processo de ensino e aprendizagem.
Livro disponível em:
http://br.librosintinta.in/pedagogia-da-autonomia-pdf.html