Segue agora, uma síntese sobre o texto dos autores José Carlos Libâneo; João Ferreira de Oliveira e Mirza Seabra Toschi extraído do livro Educação Escolar: políticas,
estrutura e organização. O texto trás em seu conteúdo a Globalização, e a influência que ela tem sobre o processo ensino-aprendizagem, além de contar o deslanche de todas as transformações técnico-científicas, ecônomicas e políticas na sociedade contemporânea.
Esta síntese foi construída em parceria com Zaquel Oliveira dos Santos, também aluno do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, na Universidade Federal de Itajubá.
Esta síntese foi construída em parceria com Zaquel Oliveira dos Santos, também aluno do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, na Universidade Federal de Itajubá.
Vamos ao texto? ...
"A educação
escolar no contexto das transformações da sociedade contemporânea"
Alguns
autores afirmam que a revolução tecnológica é a responsável pelo
desencadeamento das transformações econômicas, políticas, sociais e
educacionais, porém, na realidade, tais transformações técnico-científicas são
resultados de ações humanas para atender aos interesses econômicos de controle
das capacidades produtivas da sociedade.
A
revolução científica está fundamentada na criação e desenvolvimento da microeletrônica, da microbiologia e da energia
termonuclear, que foram responsáveis por muitos avanços tecnológicos,
contudo são causas de adversidades. Vejamos alguns exemplos a seguir:
- A energia
termonuclear foi responsável pela conquista espacial e por avanços no campo de
produções de energia, mas por outro lado, a sociedade vive ameaçada pelo risco
de uma guerra nuclear e de suas consequências para o planeta.
- Os avanços na
microbiologia são responsáveis pela produção de plantas e animais melhorados
para o combate à fome, à produção de métodos contraceptivos (controle
populacional), e o combate às doenças congênitas. Porém, fala-se sobre o risco
da clonagem, da produção de vírus e da guerra bacteriológica.
- Na revolução da
microeletrônica, existem efeitos positivos para população no que diz respeito
ao conforto doméstico, rapidez, automatização das atividades rotineiras aumentando
assim o tempo para o lazer familiar.
A
tecnologia moderna também é responsável por avanços no setor de produção
agrícola e industrial, assim como, no setor de serviços com a informatização.
Porém, a consequência da modernização na agricultura e na indústria está principalmente
relacionada à redução de postos de trabalhos e no aumento do desemprego devido à
substituição do trabalho humano por máquinas automatizadas. O setor de serviços,
assim como o setor agrícola, cresceu muito com a modernização, e passou a
absorver parte destes desempregados nos serviços terceirizados e nos negócios
formais ou informais.
Dentro
da revolução da microeletrônica, pode-se destacar a ocorrência de outra
revolução denominada de revolução
informacional que foi desencadeada a partir dos avanços nas
telecomunicações, nos meios de comunicações e nas tecnologias de informação. A
revolução informacional possibilitou maior velocidade na produção, atualização
e distribuição de informações assim como estabeleceu novas formas de
entretenimento e de promoção de atividades educacionais. Paralelamente aos seus
benefícios, a revolução informacional estabeleceu um novo instrumento de
dominação da sociedade pelo capitalismo: a informação. O domínio das
informações qualificadas e estratégicas representa o controle econômico,
político e social daqueles que apenas consomem as informações divulgadas pelos
meios de comunicação de massa. A mídia é um instrumento de manipulação das
massas populares que está muito distante da posse das informações necessárias
para questionar e participar das decisões importantes para a sociedade.
Todas
estas mudanças são decorrentes de uma globalização, que vive em processo de aceleração, integração e
reestruturação do capitalismo iniciada desde o final do século XX, e que
compreende em um avanço progressivo no campo técnico-científico de áreas como a
telecomunicação e a informática, em privatização de setores de bens e serviços
pelo Estado, e na busca pela competitividade, desregulamentação do comércio entre
países, destruição das fronteiras nacionais para o trânsito de pessoas e
materiais, formação de blocos econômicos entre países e livre transação de
capitais (globalização financeira).
Tal
processo descrito acima, tem como consequências a terceirização, automação e
informatização da produção, aumento do desemprego e do subemprego, recessão,
crise social, diminuição dos salários, desregulamentação e flexibilização dos
mercados de trabalho, minimação das políticas públicas sociais, monopólio dos
processos produtivos e do mercado por grandes corporações e consequente
fomentação de um sistema de exclusão para pessoas, países e regiões, e instabilidade
econômica nos países emergentes em virtude do predomínio do capital
especulativo em relação ao produtivo. Portanto, a globalização proporciona a
mudança no poder político e econômico, em virtude do enfraquecimento dos países
pobres e em desenvolvimento e apoderamento dos países ricos e suas corporações,
que chancelados pelas instâncias superiores de poder (Bird, FMI, OCDE, OMC,
ONU, OMS, OIT, Unesco, Otan), impõe políticas que atendam seus interesses.
O
capitalismo vem assumindo duas posições clássicas: uma concorrencial e outra
estatizante. A concorrencial tem como preocupação central a liberdade econômica
e, portanto, tem como características a livre concorrência, competitividade,
práticas educativas para o desenvolvimento econômico, atendimento às
necessidades do mercado e formação de elites intelectuais. A estatizante tem
como preocupação central a igualdade social, que tem como objetivo uma economia
de mercado planejada e controlada pelo Estado, uma política pública de
bem-estar social, e educação para a
promoção de desenvolvimento igualitário das aptidões e capacidades dos
indivíduos.
Dentro
da modernização capitalista liberal existem dois paradigmas que são citados
para melhor ilustrar este contexto. O paradigma da Igualdade traz em seu conceito, que a modernização econômica
capitalista sofreu forte influencia após a Segunda Guerra Mundial, pois esta
iniciou um processo de depositar maior confiança na educação e na expansão do
ensino. Defensores liberalistas sociais acreditavam na universalização do
ensino e na garantia da igualdade de oportunidades. Já o paradigma da Liberdade Econômica, da Eficiência e da Qualidade
trabalha com o âmbito da competitividade do mercado, ou seja, eficiência e qualidade
são condições para a sobrevivência e lucratividade no mercado competitivo.
Após
a Segunda Guerra Mundial, houve no campo da educação uma maior exploração da
universalização do ensino fundamental; e na década de 50 houve a expansão
educacional pública e gratuita, sobretudo no ensino superior, tendo como fim um
projeto de modernização econômica. Todavia, o Estado, estando falido neste
período, tendeu a transferir sua demanda para a iniciativa privada, que
naturalmente, buscava a eficiência e competitividade no ensino. Portanto, não
podemos comparar estas duas instituições educacionais.
Já
a partir da década de 80 a preocupação é com uma “educação de qualidade para
todos”. Os liberistas regidos pela lei do mercado buscam transformações
econômicas na política e na educação. E o Estado, nesta perspectiva neoliberal
de mercado, perde o interesse na implementação de uma escola diferenciada,
liberal e burguesa, já que neste momento o neoliberalismo o acusa como um órgão
de incapacidade administrativa e financeira para gerir a educação, ficando então esta à cargo da iniciativa privada.
A
exploração pelo ensino neste período se dava principalmente pela formação de um
trabalhador fragmentado, rotativo, que executasse tarefas repetitivas, mas após
diversas trocas de papéis em investimentos no ensino este modelo de exploração
requer um novo trabalhador, com habilidade de comunicação, de abstração, de
visão de conjunto, de integração e de flexibilidade para acompanhar o avanço
científico-tecnológico das empresas, o qual se dá por força dos padrões de
competitividade exigidos no mercado global.
A
educação básica tem agora como função primordial, desenvolver as novas
habilidades cognitivas e as competências sociais necessárias à adaptação do
indivíduo a este novo paradigma produtivo, além de formar um consumidor mais
competente, exigente e sofisticado. E conforme
solicitação do Banco Mundial para o ensino básico e superior, as instituições
de ensino devem assegurar um maior acesso aos novos códigos da modernidade
capitalista; pois se faz necessário uma reestruturação educativa capaz de
corresponder aos desafios impostos por esta sociedade exigente e tecnológica.
LIBÂNEO, José
Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São
Paulo: Cortez, 2003.
Olá minha cara amiga Cynthia.
ResponderExcluirNão fique mais triste e nem chorona, (ranheta...rsrs) porque agora você têm um comentário...heeeee. Nem que seja o meu.(rsrs)
Falando sério agora.
Quando você fala em revolução científica.... cuidado existe mais coisas importantes e fundamentais no conceito que envolve esta chamada Revolução Científica. Principalmente em epistemologia.
Digo por experiência própria.
Em relação ao texto, que se refere a educação escolar e suas transformações, digo que é bem esclarecedor no intuito de explorar os pontos mais importantes desta pressão em que esta chamada "evolução" e/ou progresso sócio-economico dos paises capitalistas impõem sobre a educação e os instrumentos educacionais.
As novas tendências de ensino aberto e a distância (EAD) resumem, em linhas gerais, estas transformações. O termo empregado "evolução" dos instrumentos educacionais que utilizei aqui, acredito que seja mais apropriado no sentido de expressar estas transformações comtenporâneas do que a palavra "progresso". Pois a evolução trata de adaptações que podem levar ou não à um melhor sentido das coisas, falando em termos de educação e significado. Já o progresso, acredito ser um processo continuo que busca o melhoramento de algo, no caso a educação. Isso porque não podemos dizer que estas tendências sejam de fato a solução para todos os males. Talvez resolva algumas questões sociais momentaneas, ou seja, ajustes sociais. No entanto, sejamos otimistas. Acredito que as novas tendências em torno das transformações prescionadas pela sociedade seja algo novo e melhor.
Em suma, gostei do seu texto, das colocações e racionalização da equípe.
Abraços.
Olá Caro Dessano, agradeço pelo comentário que fizeste aqui, é sempre bom partilhar ideias com aqueles que estão inseridos neste nosso "mundo educacional". Quando Zaqueu e eu relatamos sobre a REVOLUÇÃO CIENTÍFICA, abordamos e exploramos o tema contido no texto, ou seja, a palavra revolução foi citada pelos autores, e tentamos ao máximo manter a ideia dos autores. É claro que falar de revolução envolve grandes atos, transformações e contextos não mencionados aqui, visto que a essência deste assunto é muito ampla; mas espero sinceramente que você ou os demais colegas possam enriquecer este texto trazendo novos temas que julgam ser importantes para serem discutidos, quem sabe algo mais no campo epistemológico?
ResponderExcluirGrata pela participação neste blog.
Abraços...
(Ranheta rsrs...)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCynthia, achei o texto completo e agora o compreendo melhor após nossa discussão na aula do dia 12/04/13. Percebemos que a educação escolar está sempre sendo regida por interesses de "gente grande"...Mas, nós, aqui, o que devemos fazer para trabalhar a favor dos valores que acreditamos mesmo dentro de realidades diversas que é uma sala de aula? É realmente o mundo capitalista dificulta nossa rotina na escola, mas, por outro lado, facilita tanto nosso cotidiano. Como fazer a escola se encontrar neste contexto de globalização sem perder sua identidade?
ResponderExcluirÉ, temos muito o que aprender...
Olá Pollyanna, certamente temos muito a aprender, acredito que tantos outros docentes encontram esta dificuldade de compreender como lidar com os avanços tecnológicos para manter o interesse do aprendizado do aluno, mas este mestrado tende a nos guiar p/ esta prática, não é?
ResponderExcluirAbraços...
Estou apreciando muito consistência que tem orientado as reflexões e diálogos. Há fertilidade nessa troca de pensares. Que isso se prolongue. Um bom texto e pessoas interessadas e interessantes fazem a diferença, não?
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