quinta-feira, 4 de abril de 2013

Segue agora, uma síntese sobre o texto dos autores José Carlos Libâneo; João Ferreira de Oliveira e Mirza Seabra Toschi extraído do livro Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. O texto trás em seu conteúdo a Globalização, e a influência que ela tem sobre o processo ensino-aprendizagem, além de contar o  deslanche  de todas as transformações técnico-científicas, ecônomicas e políticas na sociedade contemporânea.

Esta síntese foi construída em parceria com  Zaquel Oliveira dos Santos, também aluno do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, na Universidade Federal de Itajubá.
 
 
Vamos ao texto? ...
 

"A educação escolar no contexto das transformações da sociedade contemporânea"

 
Alguns autores afirmam que a revolução tecnológica é a responsável pelo desencadeamento das transformações econômicas, políticas, sociais e educacionais, porém, na realidade, tais transformações técnico-científicas são resultados de ações humanas para atender aos interesses econômicos de controle das capacidades produtivas da sociedade.

A revolução científica está fundamentada na criação e desenvolvimento da microeletrônica, da microbiologia e da energia termonuclear, que foram responsáveis por muitos avanços tecnológicos, contudo são causas de adversidades. Vejamos alguns exemplos a seguir:

- A energia termonuclear foi responsável pela conquista espacial e por avanços no campo de produções de energia, mas por outro lado, a sociedade vive ameaçada pelo risco de uma guerra nuclear e de suas consequências para o planeta.

- Os avanços na microbiologia são responsáveis pela produção de plantas e animais melhorados para o combate à fome, à produção de métodos contraceptivos (controle populacional), e o combate às doenças congênitas. Porém, fala-se sobre o risco da clonagem, da produção de vírus e da guerra bacteriológica.

- Na revolução da microeletrônica, existem efeitos positivos para população no que diz respeito ao conforto doméstico, rapidez, automatização das atividades rotineiras aumentando assim o tempo para o lazer familiar.

A tecnologia moderna também é responsável por avanços no setor de produção agrícola e industrial, assim como, no setor de serviços com a informatização. Porém, a consequência da modernização na agricultura e na indústria está principalmente relacionada à redução de postos de trabalhos e no aumento do desemprego devido à substituição do trabalho humano por máquinas automatizadas. O setor de serviços, assim como o setor agrícola, cresceu muito com a modernização, e passou a absorver parte destes desempregados nos serviços terceirizados e nos negócios formais ou informais.

Dentro da revolução da microeletrônica, pode-se destacar a ocorrência de outra revolução denominada de revolução informacional que foi desencadeada a partir dos avanços nas telecomunicações, nos meios de comunicações e nas tecnologias de informação. A revolução informacional possibilitou maior velocidade na produção, atualização e distribuição de informações assim como estabeleceu novas formas de entretenimento e de promoção de atividades educacionais. Paralelamente aos seus benefícios, a revolução informacional estabeleceu um novo instrumento de dominação da sociedade pelo capitalismo: a informação. O domínio das informações qualificadas e estratégicas representa o controle econômico, político e social daqueles que apenas consomem as informações divulgadas pelos meios de comunicação de massa. A mídia é um instrumento de manipulação das massas populares que está muito distante da posse das informações necessárias para questionar e participar das decisões importantes para a sociedade.

Todas estas mudanças são decorrentes de uma globalização, que vive em  processo de aceleração, integração e reestruturação do capitalismo iniciada desde o final do século XX, e que compreende em um avanço progressivo no campo técnico-científico de áreas como a telecomunicação e a informática, em privatização de setores de bens e serviços pelo Estado, e na busca pela competitividade, desregulamentação do comércio entre países, destruição das fronteiras nacionais para o trânsito de pessoas e materiais, formação de blocos econômicos entre países e livre transação de capitais (globalização financeira).

Tal processo descrito acima, tem como consequências a terceirização, automação e informatização da produção, aumento do desemprego e do subemprego, recessão, crise social, diminuição dos salários, desregulamentação e flexibilização dos mercados de trabalho, minimação das políticas públicas sociais, monopólio dos processos produtivos e do mercado por grandes corporações e consequente fomentação de um sistema de exclusão para pessoas, países e regiões, e instabilidade econômica nos países emergentes em virtude do predomínio do capital especulativo em relação ao produtivo. Portanto, a globalização proporciona a mudança no poder político e econômico, em virtude do enfraquecimento dos países pobres e em desenvolvimento e apoderamento dos países ricos e suas corporações, que chancelados pelas instâncias superiores de poder (Bird, FMI, OCDE, OMC, ONU, OMS, OIT, Unesco, Otan), impõe políticas que atendam seus interesses.

O capitalismo vem assumindo duas posições clássicas: uma concorrencial e outra estatizante. A concorrencial tem como preocupação central a liberdade econômica e, portanto, tem como características a livre concorrência, competitividade, práticas educativas para o desenvolvimento econômico, atendimento às necessidades do mercado e formação de elites intelectuais. A estatizante tem como preocupação central a igualdade social, que tem como objetivo uma economia de mercado planejada e controlada pelo Estado, uma política pública de bem-estar social,  e educação para a promoção de desenvolvimento igualitário das aptidões e capacidades dos indivíduos.

Dentro da modernização capitalista liberal existem dois paradigmas que são citados para melhor ilustrar este contexto. O paradigma da Igualdade traz em seu conceito, que a modernização econômica capitalista sofreu forte influencia após a Segunda Guerra Mundial, pois esta iniciou um processo de depositar maior confiança na educação e na expansão do ensino. Defensores liberalistas sociais acreditavam na universalização do ensino e na garantia da igualdade de oportunidades. Já o paradigma da Liberdade Econômica, da Eficiência e da Qualidade trabalha com o âmbito da competitividade do mercado, ou seja, eficiência e qualidade são condições para a sobrevivência e lucratividade no mercado competitivo. 

Após a Segunda Guerra Mundial, houve no campo da educação uma maior exploração da universalização do ensino fundamental; e na década de 50 houve a expansão educacional pública e gratuita, sobretudo no ensino superior, tendo como fim um projeto de modernização econômica. Todavia, o Estado, estando falido neste período, tendeu a transferir sua demanda para a iniciativa privada, que naturalmente, buscava a eficiência e competitividade no ensino. Portanto, não podemos comparar estas duas instituições educacionais.

Já a partir da década de 80 a preocupação é com uma “educação de qualidade para todos”. Os liberistas regidos pela lei do mercado buscam transformações econômicas na política e na educação. E o Estado, nesta perspectiva neoliberal de mercado, perde o interesse na implementação de uma escola diferenciada, liberal e burguesa, já que neste momento o neoliberalismo o acusa como um órgão de incapacidade administrativa e financeira para gerir a educação, ficando então esta à cargo da iniciativa privada.

A exploração pelo ensino neste período se dava principalmente pela formação de um trabalhador fragmentado, rotativo, que executasse tarefas repetitivas, mas após diversas trocas de papéis em investimentos no ensino este modelo de exploração requer um novo trabalhador, com habilidade de comunicação, de abstração, de visão de conjunto, de integração e de flexibilidade para acompanhar o avanço científico-tecnológico das empresas, o qual se dá por força dos padrões de competitividade exigidos no mercado global.

A educação básica tem agora como função primordial, desenvolver as novas habilidades cognitivas e as competências sociais necessárias à adaptação do indivíduo a este novo paradigma produtivo, além de formar um consumidor mais competente, exigente e sofisticado.  E conforme solicitação do Banco Mundial para o ensino básico e superior, as instituições de ensino devem assegurar um maior acesso aos novos códigos da modernidade capitalista; pois se faz necessário uma reestruturação educativa capaz de corresponder aos desafios impostos por esta sociedade exigente e tecnológica.

 

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

 

6 comentários:

  1. Olá minha cara amiga Cynthia.
    Não fique mais triste e nem chorona, (ranheta...rsrs) porque agora você têm um comentário...heeeee. Nem que seja o meu.(rsrs)

    Falando sério agora.
    Quando você fala em revolução científica.... cuidado existe mais coisas importantes e fundamentais no conceito que envolve esta chamada Revolução Científica. Principalmente em epistemologia.
    Digo por experiência própria.

    Em relação ao texto, que se refere a educação escolar e suas transformações, digo que é bem esclarecedor no intuito de explorar os pontos mais importantes desta pressão em que esta chamada "evolução" e/ou progresso sócio-economico dos paises capitalistas impõem sobre a educação e os instrumentos educacionais.
    As novas tendências de ensino aberto e a distância (EAD) resumem, em linhas gerais, estas transformações. O termo empregado "evolução" dos instrumentos educacionais que utilizei aqui, acredito que seja mais apropriado no sentido de expressar estas transformações comtenporâneas do que a palavra "progresso". Pois a evolução trata de adaptações que podem levar ou não à um melhor sentido das coisas, falando em termos de educação e significado. Já o progresso, acredito ser um processo continuo que busca o melhoramento de algo, no caso a educação. Isso porque não podemos dizer que estas tendências sejam de fato a solução para todos os males. Talvez resolva algumas questões sociais momentaneas, ou seja, ajustes sociais. No entanto, sejamos otimistas. Acredito que as novas tendências em torno das transformações prescionadas pela sociedade seja algo novo e melhor.
    Em suma, gostei do seu texto, das colocações e racionalização da equípe.
    Abraços.

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  2. Olá Caro Dessano, agradeço pelo comentário que fizeste aqui, é sempre bom partilhar ideias com aqueles que estão inseridos neste nosso "mundo educacional". Quando Zaqueu e eu relatamos sobre a REVOLUÇÃO CIENTÍFICA, abordamos e exploramos o tema contido no texto, ou seja, a palavra revolução foi citada pelos autores, e tentamos ao máximo manter a ideia dos autores. É claro que falar de revolução envolve grandes atos, transformações e contextos não mencionados aqui, visto que a essência deste assunto é muito ampla; mas espero sinceramente que você ou os demais colegas possam enriquecer este texto trazendo novos temas que julgam ser importantes para serem discutidos, quem sabe algo mais no campo epistemológico?

    Grata pela participação neste blog.

    Abraços...

    (Ranheta rsrs...)

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Cynthia, achei o texto completo e agora o compreendo melhor após nossa discussão na aula do dia 12/04/13. Percebemos que a educação escolar está sempre sendo regida por interesses de "gente grande"...Mas, nós, aqui, o que devemos fazer para trabalhar a favor dos valores que acreditamos mesmo dentro de realidades diversas que é uma sala de aula? É realmente o mundo capitalista dificulta nossa rotina na escola, mas, por outro lado, facilita tanto nosso cotidiano. Como fazer a escola se encontrar neste contexto de globalização sem perder sua identidade?
    É, temos muito o que aprender...

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  5. Olá Pollyanna, certamente temos muito a aprender, acredito que tantos outros docentes encontram esta dificuldade de compreender como lidar com os avanços tecnológicos para manter o interesse do aprendizado do aluno, mas este mestrado tende a nos guiar p/ esta prática, não é?

    Abraços...

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  6. Estou apreciando muito consistência que tem orientado as reflexões e diálogos. Há fertilidade nessa troca de pensares. Que isso se prolongue. Um bom texto e pessoas interessadas e interessantes fazem a diferença, não?

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